terça-feira, 29 de abril de 2008

E por falar em avaliação II

Dando continuidade ao assunto avaliação, segue mais um instrumento que pode auxiliar o professor a acompanhar o conhecimento dos alunos sobre um determinado tema, a fim de dar continuidade ao programa sem correr o risco de deixar lacunas ou conceitos mal compreendidos.
A habilidade de interpretação de textos tem sido um ponto fraco a ser fortalecido pelo professor. Foi o tempo em que esta era uma habilidade “ensinada – aprendida- exercitada” apenas na aula de português. De acordo com os Parâmetros curriculares, espera-se que ao final da escolarização básica, os estudantes sejam capazes de se dominar a linguagem em cada uma das áreas do conhecimento para se fazer uso dos conhecimentos.
Vemos que parte do bom desempenho nas provas de exames nacionais ( ex. ENEM) ou vestibulares se dá em função de como o candidato compreende o texto das situações problemas apresentadas.
Assim, torna-se importante que em todas as matérias aconteçam exercícios de interpretação de texto visando garantir aprendizagem dos conceitos bem como ampliar o poder de comunicação dos envolvidos.
Dada uma situação problema, o objetivo não é a resolução do mesmo, mas garantir a leitura compreensiva da situação.
Segue um exemplo de como promover esse exercício:


Situação Problema:O custo de produção de uma peça é composta por: 30% para mão de obra, 50% para matéria prima e 20% para energia elétrica. Admitindo que haja um reajuste de 20% no preço de mão de obra , 35% no preço de matéria prima e 5% no preço da energia elétrica,qual o reajuste que sofrerá o custo de produção?“


Questões de interpretação:
1. Qual a questão do problema, isto é, o que o problema pede?
2. Quais são os custos de produção de uma peça?
3. Que operações matemáticas devem ser feitas para regar ao resultado? Por quê?
4. Explique com suas palavras como o problema deve ser resolvido.
5. Há expressões no texto que você não compreende? Quais?



A adequação para cada área do conhecimento e nível de desenvolvimento dos alunos fica a cargo de cada especialista da área: você professor!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Nosso primeiro contato na "Sala dos Professores"

Olá, amigos! Nestes quase trinta anos de profissão vivi situações das mais diversas na Sala dos Professores das instituições educacionais por onde passei. Algumas inusitadas, como quando fui convidada a assumir aulas na universidade logo após terminar a graduação . Naquela época, há exatos 25 anos, era comum os alunos serem convidados por seus professores, mesmo sem grau de especialista ou mestre. Com uma aparência que não fazia jus a minha idade, numa bela noite, ao passar pela Sala dos Professores para pegar diários de classe, giz e outros recursos para minha aula, fui indagada por um rapazinho que trabalhava no setor de apoio ao professor dizendo em tom irônico: " E quem é você prá pedir diários de classe? Por acaso é professora?"Sim, eu era. Profa. Maria Angela - Didática - 3o. ano de Física e Matemática. Mantendo postura calma, firme e serena, desconsiderei o comentário e repeti meu pedido. Mil desculpas eu ouvi e a partir daquele dia ganhei um grande colaborador . Numa outra instituição em que atuava como Orientadora Educacional, eu só podia frequentar a Sala dos Professores quando não tivesse nenhum presente! Na hora do intervalo, eu deveria ficar com os alunos tomando conta do recreio. Meu questionamento era: Como os professores podem me conhecer se nunca temos a oportunidade de interagirmos? Como em cada escola uma filosofia distinta, em outra instituição, toda a equipe técnica incluindo a direção seguia para a tal sala para tomar café com professores. Ali passavamos vinte ou trinta minutos num bate papo muito agradável. Raramente resolvíamos assuntos de trabalho, mas trocavamos dicas culturais, de culinária, literatura... A experiência mais desagradável foi quando, em outro espaço de trabalho, outra escola, ouvi a queixa dos professores para a direção a respeito da minha permanência na sala na hora do cafezinho, pois entendiam que eu estaria vigiando, falando de trabalho, cobrando relatórios, etc. Fui barrada! O espaço sagrado da Sala dos Professores dizia respeito ao professor, só a ele!Respeitei, felizmente não era a opinião da maioria, assim, vez ou outra eu aparecia para um bate papo apenas às sextas-feiras quando estavam presentes os que não se incomodavam. De todas, a experiência mais marcante, foi em Vitória ES. Minha sala ficava ao lado da Sala dos Professores com uma porta para o corredor, por onde recebia os alunos e outra para dentro da Sala dos Professores. Antes da minha chegada havia um armário obstruindo o uso desta passagem. Quando aberta ouvi o seguinte comentário: “Que bom ter esta passagem para sua sala!" E era a porta aberta para o professor ser ouvido na OE e a porta de boas vindas da OE para estar com os professores. A Sala dos Professores é um lugar de descanso, pesquisa, cafezinho, frutas, bolachinhas, troca de experiências, queixas, reclamações... E até de orientações. Só não é um lugar de silêncio! Vivendo na escola todos estes anos, observei, do lugar de Or. Educacional e /ou Coord. Pedagógica, que há algumas falas dos professores que são abafadas muitas vezes pela política da escola, impedindo de se fazer ouvidos às necessidades, dificuldades ou sugestões do corpo docente. Pensando nisso, resolvi criar esta "sala virtual "que nos permite discutir, trocar, queixar, intervir sem censuras. Esta foi a maneira que descobri de continuar orientando ex alunos e ex professores que fizeram parte da minha equipe de trabalho em algum momento da vida. Sintam-se acolhidos! Esta sala é sua .
Vamos tomar um café juntos e conversar?
Com carinho,
Maria Angela

sexta-feira, 18 de abril de 2008

E por falar em avaliação...


O ano já começou e as avaliações do primeiro período letivo também.
A avaliação sempre foi um nó mal desatado na vida do professor, do aluno e da escola como um todo. Reorganizam-se outros modos de compor a nota, variações de atividades recuperativas, mas nem sempre se resolve as questões referentes ao aprender do aluno. Basta fazer um “exame de consciência” : como você, professor se comporta perante sua turma/ classe em dia de prova? Sua atitude é muito diferente das aulas normais? Por que será? O que mais valorizamos nos momentos de avaliação? E os momentos de aprendizagem? Seria possível um “avaliar continuamente”?
A idéia de avaliação contínua - causa arrepios para alguns professores - não se trata de aplicar provas semanalmente, mas de um acompanhamento mais sistemático das dificuldades e dos avanços dos alunos e a partir daí reorganizar as rotas de trabalho.
No final do ano passado, a poucos dias de encerrar o ano letivo, encontrei uma professora debruçada na varanda da sala dos professores com olhar distante, para o nada.
Cumprimentei – a como sempre e ao me aproximar percebi que algo não estava bem. Era um misto de angústia e ansiedade pelos trabalhos que iria receber dos alunos naquele dia. Havia uma expectativa do que receberia como produto final desenvolvido pelos alunos após dois meses de pesquisas, releituras, orientações, “refazimento” . O que angustiava a professora era algo que não lhe pertencia, mas do qual se responsabilizava. O medo pelo fracasso, frustração de chegar ao final do ano e descobrir que havia muito a ser feito por e para alguns alunos e a desconfiança de que não o fizera suficiente.
Um sentimento pertinente a todos os educadores compromissados com a aprendizagem do aluno e muito comum no final do ano.
É bem verdade que não se pode deixar de lado a filosofia da escola, sua proposta pedagógica, bem como não seguir o programa de avaliação estabelecido pela instituição – número de provas, pesos, notas e etc. Mas, sabemos que mais do que nota, os professores acabam tendo que apresentar relatórios da ‘performance’ dos alunos para a Orientação, Coordenação, Direção da escola ou mesmo para os pais. Desse modo, a fim de facilitar o seu trabalho,o professor precisa desenvolver uma capacidade de observação que nem sempre se é preparado na universidade.
Professores de crianças menores – do 1º. ao 5º. Ano – passam mais tempo com os alunos e criam uma relação mais próxima, facilitando o conhecimento do professor em relação às capacidades dos alunos. No entanto, seja professor de Ensino Fundamental I ou II , se não tiver claro o que quer, como e em que momento observar e mais, como transformar os registros em informações preciosas para o acompanhamento dos alunos – novos exercícios, atividades, revisão de conceitos, oportunidades de crescimento... – independente do tempo que permanece com o aluno, nenhum valor será agregado no final do período avaliativo (bimestre, trimestre, ano) que garanta a efetiva aprendizagem do aluno. Afinal este é o compromisso do professor: fazer com que o aluno aprenda, administrar sua aprendizagem.
O papel de administrador da aprendizagem do aluno nos remete a antiga idéia de professor orientador ou mediador da aprendizagem, assegurando reais oportunidades de aprendizagem. Vale lembrar que as pessoas aprendem não mais porque assistem aulas, mas porque vivem num mundo repleto de informações. Administrar a aprendizagem é orientar o aluno para que ele transforme informações em conhecimentos e não tenham notas porque trouxe o caderno ou não. Mas, porque aprendeu!
Vamos fazer outro teste : quais os nomes dos alunos que você tem de memória? Saberia dizer quais os erros ortográficos que eles mais comentem? Qual a qualidade da interpretação das leituras que fazem? Qual operação matemática que precisam exercitar mais? Calma, não enlouqueci! Sei muito bem que para o professor que dá três aulas semanais numa classe e tem um total de cinco turmas por período fica muito difícil saber detalhes.
Será? Volte ao exercício. Pense numa única turma. Vá registrando os nomes dos alunos e as habilidades que eles têm em destaque ou que precisam praticar mais.
Talvez o que falte seja, mais olhares e escutas. Mais registros.
Foi pensando nisso tudo que resolvi selecionar vários instrumentos/ estratégias que poderão ajudá-lo na tarefa de acompanhar o desempenho dos alunos. Basta que você, professor faça as adaptações possíveis para atender o nível de desenvolvimento de seus alunos e a área do conhecimento com a qual você trabalha. Estes instrumentos serão postados semanalmente.

Gráfico
Objetivo: acompanhar o desempenho, buscar estratégias de melhorias ou aperfeiçoamento das habilidades avaliadas.
Conteúdo: qualquer conteúdo – conceitual, atitudinal ou procedimental pode ser acompanhado pelo gráfico.
Desenvolvimento: o gráfico pode ser preenchido pelo aluno ( auto avaliação) ou pelo professor. Pode ser usado para identificar a sala como um todo, grupos de alunos ou cada aluno individualmente. O ideal é usar o mesmo gráfico três ou no máximo quatro vezes, usando cores diferentes e uma legenda referente às datas que foi aplicado.
Avaliação: quando as linhas do gráfico estão mais para as bordas do aro significam que o desempenho está em alta e os mais próximos do centro, com necessidade de atenção. O gráfico nos permite checar o crescimento dos itens avaliados concretamente. Os índices saltam aos olhos principalmente se as linhas não estão uniformes, isto é na mesma graduação. A partir da análise dos resultados o professor organiza atividades de revisão ou reforço a fim de garantir avanços.
Construção: a matriz é um circulo com vários raios - em número suficiente para atender os itens que serão avaliados ou acompanhados. Ou ainda, como os mostrados nos exemplos abaixo a partir dos eixos centrais construindo outras formas geométricas de acordo com os itens que se deseja acompanhar. Em cada uma das retas aparecerá os valores graduados de 1 a 10, 0 a 5 ou de 10% a 100% , enfim, de modo a possibilitar a construção do gráfico.
Os exemplos abaixo mostram o desenvolvimento de um aluno na produção escrita e matemática:



A sugestão é fazer um teste com um grupo de alunos e acompanhar um tema especifico. Depois, avaliar com o grupo a viabilidade deste instrumento.
Comente sua experiência.


Até a próxima!


Leia mais:
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré- escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 1998.


PERRENOUD, Philippe :Novas Competencias para ensinar. Porto Alegre: Ed. Artmed,2000.


ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.