quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um programa imperdível


Ser ou não Ser? Educação
Uma série de sete programas tratando a Educação a partir da realidade encontrada na escola brasileira: "um modelo pedagógico fragmentado, centrado no ensino e não na aprendizagem, no acúmulo de conteúdos e não no desenvolvimento da capacidade reflexiva e crítica dos estudantes" em contraponto com uma fala recorrente entre o meio educacional a respeito das "características de uma educação contemporânea, marcada especialmente pelas mudanças trazidas pela tecnologia, pela exaustão social e ambiental"
O programa propõe discutir " O que é educar hoje?" e para isso, além de mostrar experiências diversas, traz entrevistas com os educadores : Rubem Alves, Moacir Gadotti, José Pacheco, Rui Canário (Lisboa), Antônio Carlos Gomes da Costa, Celso Antunes, Pedro Demo. Além do Senador Cristovam Buarque e da Secretária de ensino médio e fundamental do MEC Maria Pilar.
Temas abordados em cada episódio:

1: A Fragmentação do Ensino
2: A Formação Plena do Homem.
3: A Importância de Envolver a
4: A Importância da Reflexão na
5: O Valor da Autonomia e da Responsabilidade ( A Escola da Ponte)
6: A Progressão Continuada
7. A Educação de ovens e Adultos: O Problema do Analfabetismo
Todas as quartas feiras às 22h20 no Canal Futura, com reprise aos domingos às 19h30.
Um abraço,
Maria Angela

Uma sugestão aos professores de Biologia

A Dra. Maria-Júlia Estefânia Chelini, Diretora Técnica da Divisão de Difusão Cultural do Museu Paulista da USP, convida a todos para o V Ciclo de Palestras – MZUSP – 2008.
Dia 22 de novembro - 10:30h - Museu de Zoologia da USP.
Tema: Especial Moluscos :
Moluscos, Exposições e Ensino de Biologia


Não é necessário inscrição e será fornecido atestado


O Museu de Zoologia da USP fica na Avenida Nazaré, 481 - Ipiranga - CEP 04263-000 - São Paulo - SP - Brasil - Fone: (55) (11) 2065-8100 - Fax: (55) (11) 2065-8115 - E-Mail: mz@edu.usp.br





Aproveitem,

Maria Angela

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dia do Professor


O Dia do Professor é comemorado em 15 de outubro porque nessa data, no ano de 1827, D. Pedro I propôs a criação das escolas primárias no Brasil. O documento tornou-se oficial em 15 de outubro de 1933, numa celebração realizada no Instituto de Educação do Rio de Janeiro.A data comemorativa, no entanto, só foi oficializada com o decreto 52.682, de 1963.

Nós professores, sabemos que as homenagens mais significativas não acontecem no Dia do Professor, em momento de festa ou no recebimento de presentes.
As homenagens que demonstram o valor de nossa profissão estão no sorriso dos alunos quando nos recebem para a aula, quando, em algum lugar público um ex-aluno nos reconhece e faz questão de nos abraçar (mesmo que não tenhamos a lembrança de seu nome). Quando vemos nossos alunos transformados em homens de bem, quando em aula um deles diz: " lembrei-me de você professor" ao ler, ouvir, ver algo de que tenhamos comentado...
Quando recebemos o bilhetinho com frases de carinho, do aluno que no inicio do ano mal sabia pegar no lápis. Quando aflitos, com medo, angustiados , aos prantos nos abraçam com a certeza de encontrarem nestes braços o conforto para a dor momentânea . Ou ainda, vem ao nosso encontro para divir as alegrias de suas connquistas.

Enfim, a homenagem está nos simples gestos do dia a dia. Na percepção de tarefa cumprida, ou melhor, bem cumprida.

Fiquem com o meu abraço, pois prá mim, todos vocês, amigos professores têm muito valor!

Que Deus os abençoe e os ilumine para que estejam fortalecidos ao transitarem pelos momentos aflitivos que nossa profissão também exige.

Com carinho,
Maria Angela

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A imprensa e educação brasileira.

Transcrevo na integra a carta de Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo Freire em repúdio à matéria publicada na Revista Veja em 20 de agosto último.



Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O queestão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira,ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lápelas tantas há o seguinte trecho:"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que emclasse mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiroargentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citaçõespositivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatrampersonagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental,como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinaçãoesquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidosna pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein,talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diantede uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhoresdocentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvezajude a explicar o fato de eles viverem no passado".Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofoRoberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigopublicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera.Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática deagredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação daprefeita Luiza Erundina. Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita,escreveu a seguinte carta de repúdio:

"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra PauloFreire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minhamais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cadasemana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadasde nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobresua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama suaopção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas ,camufladamente, age em nome do reacionarismo desta. Esta vem sendo aconstante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quaistodos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e maisjusto, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que oatacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revistaem questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outrosórgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenasreproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas. A matériapublicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoiodo filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente emfavor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo.Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecidono mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que,certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitaspelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedadebrasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável,elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam emfavor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os maispobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamosconseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.Superação realizada não só pela política federal de extinção dapobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido - na qual estapolítica de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundoque todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela.Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a máapreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dãocontinuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cataàs bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo atohumanista no nefasto período da Ditadura Militar. Para satisfazerparte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocreque tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quasetão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fomedos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou aesperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifícioe inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que afazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquercusto, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante naeducação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação dacidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de suaclasse social, etnia, gênero, idade ou religião. Querendo diminuí-lo eofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito deconcluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, avalidando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está nocaminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendodiminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá odireito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008.
Ana Maria Araújo Freire".

Um abraço,
Maria Angela

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O Método Psicogenético de Lauro de Oliveira Lima e o Filme Escritores da Liberdade



Recentemente, sem me preocupar com o conteúdo do filme, fui ver “Escritores da Liberdade”. Mais uma vez estava diante de um tema que retrata questões do nazismo. Entretanto, curiosamente um filme que a mim retratava o olhar e escuta pedagógica propostos por Alicia Fernandes e mais, como recém havia terminado uma leitura sobre o Método Psicogenético, não tive dúvidas em perceber semelhanças com a prática pedagógica da protagonista do filme.
Mas, se nada disso possa atrair o caro leitor deste blog, o filme vale por si só.

O Método

Quando estudamos Piaget, em geral a grande dificuldade é compreender a possibilidade de aplicação, no espaço real da sala de aula, de sua teoria. É sabido que Piaget realizou estudos de grande importância a respeito do desenvolvimento da inteligência humana, mas em nenhum momento desenvolveu um método de ensino com base em seus estudos. Felizmente, muitos pesquisadores da educação foram capazes de criar metodologias pedagógicas levando em conta as contribuições de Jean Piaget.

No Brasil, o professor Lauro de Oliveira Lima, figura marcante na história da educação brasileira, contemporâneo de Darci Ribeiro e Paulo Freire, foi considerado um reformador do ensino brasileiro em função de suas críticas ao sistema. Oliveira Lima buscou respaldo científico nos estudos de Piaget sobre o desenvolvimento intelectual das crianças para criar o Método Psicogenético – uma visão pedagógica da teoria piagetiana.(*)
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*Em 1972 fundou uma escola experimental no Rio de Janeiro, “A Chave do Tamanho”, que teve autorização de Piaget, em uma carta escrita de próprio punho. Hoje, aos 87 anos , ainda está engajado nas questões político- educacionais.

O Método Psicogenético apóia-se no tripé:


I.Situação problema: toda atividade proposta para a criança deve ser transformada em uma situação problema com o grau de dificuldade exato para que não resolva com facilidade, porém que alcance a resolução. Nada de entregar o raciocínio pronto para a criança, mas propiciar que ela estruture as idéias, levante hipóteses , tire conclusões. O professor é o mediador do conhecimento. Sempre que a criança fizer a atividade proposta com segurança, o professor complica a situação, cria um desafio para continuar a desenvolver-se;


II.Dinâmica de grupo: As soluções devem ser sempre discutidas em grupo para que as crianças aprendam a ouvir e serem ouvidos, respeitar idéias divergentes, cooperar entre si, reestrutur suas idéias;


III.Tomada de consciência: toda atividade depois de resolvida é colocada em debate com o intuito de fazer as crianças explicarem como resolveram a situação problema, que raciocínio fizeram, como encontraram a solução.

O mapa conceitual da estrutura didática proposta pelo Método Psicogenético permite melhor compreensão da base teórica de Jean Piaget:


(Fonte: Lauro de Oliveira Lima, 1981 - retirado da Apostilas do Curso “Piaget na Clínica Psicopedagógica”- Profa. Juhi Cavadagne )


Os Escritores
O Filme “Escritores da Liberdade” (Freedom Writers, EUA, 2007) relata a história verídica de uma professora americana -Erin Gruwell- que se propõe a lecionar Língua Inglesa e Literatura para os alunos de primeiro ano de “high school” e enfrenta , em sua primeira experiência docente, uma turma de adolescentes muito resistentes ao ensino convencional, pois segundo os mesmos, “em nada acrescentava ou modificava suas vidas fora dos muros escolares”.

Em suma, seu primeiro desafio foi “desarmar” seus alunos e criar um clima pacífico de convivência. Afinal, a sala de aula tornara-se uma reunião de gangues avessas ao convívio pacífico, em função das diferenças raciais. Fora da escola, estes grupos vivem em guerra. Alguns alunos cumprem ou já cumpriram pena judicial, perderam amigos ou parentes ou ainda, já foram feridos com tiros. Uma classe marcada pelo rótulo de irrecuperáveis e sem futuro numa escola reconhecida pelo programa de inclusão social que aparente desenvolve.

O fio condutor para desencadear uma “reforma educacional” em sua sala de Língua Inglesa e Literatura foi uma provocação sofrida por um aluno negro. Revoltada com a situação, Erin traz as questões do nazismo para dentro da sala de aula como referência à perseguição sofrida por “homens brancos”, que na visão destes estudantes eram os detentores do poder e com os mesmos nada de ruim aconteceria.

Deixando de lado os “conteúdos programáticos”, necessitava conquistar a confiança dos estudantes, reconhecendo a realidade em que vivem, sem superprotegê-los ou subestimá-los, pelo contrário, mostrando a realidade além dos guetos em que estão inseridos.

Erin descobriu que dar voz aos alunos era uma maneira de permitir se perceberem, reescreverem sua história e se reverem no mundo. Sua estratégia foi o uso da palavra escrita. Seus alunos eram instigados a produzirem textos autobiográficos – passagens de sua vida, momentos importantes, conflitos, sonhos...

Apropriando-se da escrita como ação de transformação (atividade com significado), necessitavam recorrer aos conhecimentos da gramática, dicionários e outros recursos a fim de tornarem a comunicação de suas idéias a mais compreensiva para seus possíveis leitores. (Obs.: o projeto desenvolvido pela professora americana resultou em um livro, publicado nos Estados Unidos em 1999, no qual o filme foi baseado).

Quanto ao estudo da literatura, Erin sugeriu a leitura de diferentes títulos que abordam questões cruciais da humanidade, propiciando aos alunos a percepção de pontos em comum entre suas histórias de vida com o que liam.

O contato com obras como “O Diário de Anne Frank”, por exemplo, foram ingredientes importantes para a compreensão dos jovens quanto à necessidade, entre outros, de tolerância mútua e respeito às diversidades para viver em comunidade: serem notados e respeitados.

Contudo, no decorrer do processo educacional mediado pela professora Erin, foi notória a mudança na atitude dos alunos – auto-estima, convivência, visão de mundo, construção de uma vida social mais digna.

Mais do que bons leitores e possíveis escritores, a professora americana transformou seus alunos em seres capazes de pensar criticamente sobre sua realidade social, não aceitando, sem hesitar, as idéias de seu grupo ou líder fanático, responsáveis por suas escolhas.

“O professor que faz o aluno ler, comentar, analisar, dissecar, apreciar textos de alto valor literário, não precisa preocupar-se com o ensino da gramática, que é uma atitude fria e lógica sobre um problema de natureza altamente afetiva como a linguagem literária ou coloquial (Lima, 1974, p. 104).
Metodologia X Filme
O quadro abaixo nos traz, resumidamente, o “Método Psicogenético em Dez Mandamentos”. Proponho verem o filme acompanhando esses passos e concluírem por si a proposta deste texto: “a metodologia proposta por Lauro de Oliveira Lima à luz da teoria piagetiana numa prática possível”.

1 - Não ensine: provoque a atividade da criança (algo parecido com a brincadeira tradicional de "adivinhação");

2 - Leve as crianças a discutirem entre si a situação proposta e respeite suas conclusões, mesmo que "erradas" (a solução dada pelas crianças corresponde ao seu nível mental);

3 - Não trabalhe na base da linguagem (sendo um produto social assimilado por imitação, a linguagem nada diz sobre o verdadeiro nível de desenvolvimento da criança);

4 - Não prestigie a memorização: o melhor resultado é o que demonstrar capacidade de inventar e descobrir (mesmo que, do ponto de vista do professor, a solução seja errada);

5 - Comporte-se como técnico do time de futebol: estimule, sugira, critique, mas não jogue (o jogo é das crianças);

6 - Use como "material" o que existir no mundo da criança (seja ela de uma favela ou de um bairro grã-fino);

7 - Sempre que a criança superar um patamar, “complexifique” a situação (sem isto, a criança se "especializa" na solução obtida);

8 - Na alfabetização utilize as marcas e logotipos que estão espalhados pela cidade e são utilizados no dia-a-dia da família (não se prenda às cartilhas);

9 - Organizar as crianças em grupos (pode até tomar como modelo inicial o escotismo), deixando que elas criem as regras de convivência (educação moral e cívica é democracia);

10 - Leve as crianças a compreender o que fizeram ("tomada de consciência"), quer a atividade seja motora, verbal ou mental (incluindo, aí, os atritos surgidos entre as crianças). (Lima, 1984a, p. 70).



Bibliografia:- “A OBRA DE LAURO DE OLIVEIRA LIMA” - www.pedagogiaemfoco.pro.br/per10g.htm

- “LAURO OLIVEIRA LIMA: REBELDE QUANDO A CAUSA É A EDUCAÇÃO” - Mara Lúcia Martins - www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0069_04.html

- “O FILME ESCRITORES DA LIBERDADE E A FUNÇÃO DO PENSAMENTO EM HANNAH ARENDT” - Raymundo de Lima -http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm

Ficha Técnica:
Filme: Escritores da Liberdade (Freedom Writers, 2007)

Gênero: Drama Duração: 123 min

Origem: Alemanha - EUA

Estréia - EUA: 05 de Janeiro de 2007

Estúdio: Paramount Pictures Direção: Richard LaGravenese


Aproveitem o filme!
Um abraço,
Maria Angela

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Uma sugestão para professores de História:

A poucos dias fiz a leitura de “ A menina que roubava livros ” – Markus Zusak – Ed. Intrinseca, que conta a história de uma menina alemã deixada pela mãe para ser criada por uma casal de estranhos. Uma órfã que cresce num bairro pobre em plena Alemanha nazista e que busca o significado de sua própria existência. Uma leitura muito intrigante visto que a narrativa é feita por um terceiro elemento que não vou revelar para não perder o encanto da leitura. A questão é que me interessei em buscar mais dados sobre a vida na Europa, sobretudo na Alemanha nesta época.
Para completar a leitura vi dois documentários muito interessantes , além de bem produzidos, trazem dados para boas discussões sobre a passagem de Aldof Hitler na história da humanidade:

"A Conspiração Nazista"

Título Original: Nazis: Tje Occult Conspiracy
Gênero: Documentário
Duração: 1h30min
Diretor: Tracy Arkinson e Joan Baran
Ano de Lançamento: 2006

Sinopse: Das cinzas da Primeira Guerra Mundial, Adolf Hitler tentou construir uma sinistra nova ordem mundial. Liderada por uma suposta supremacia ariana de super-homens, espalhando um reino de terror que o mundo nunca havia conhecido. Muitos acreditam que os nazistas invocavam espíritos estranhos, e eram adeptos de espíritos que permaneceram adormecidos na Europa durante milhares de anos. Agora, documentos provam que suas crenças se baseavam na perfeição de antigos cultos pagãos, uma mistura de batalhas das trevas e uma jornada apavorante em um mundo de misticismo, loucura e assassinos. (http://www.documentarios.org/)


"Nos Braços de Estranhos - Histórias do Kindertransport"

Título Original: Into the Arms of Strangers
Gênero: Documentário
Origem/Ano: EUA/2000
Duração: 118 min
Direção: Mark Jonathan Harris

Sinopse: narra a saga de crianças judias que, vivendo na Alemanha e na Tchecoslováquia em 1938, foram enviadas pelos pais à Inglaterra para escaparem da perseguição nazista e passaram a viver com estranhos. Recolhendo depoimentos, e juntando-os a muitas imagens da época do nazismo, o filme mostra as crianças relembrando esse episódio pouco divulgado da Segunda Guerra Mundial com muita força e poder de comoção. Por esta razão, o filme ganhou o Oscar de melhor documentário. (http://www.ims.com.br/)


Aproveitem,
Maria Angela

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Adolescente, a Escola e o Álcool – uma mistura difícil de digerir

“... Como está em fase de reorganização,
o cérebro adolescente é facilmente
influenciado pelo ambiente (positiva ou negativamente)...”
(blog Sala do Professor – 06/06/08)


Um dos pontos críticos em se tratando de educar adolescentes é a facilidade com que eles se envolvem em “perigos” ou são/ estão vulneráveis às novas experiências, nem sempre compatíveis com o que escola e pais esperam. Falo do acesso e uso de drogas em geral – as lícitas em especial (álcool e cigarro), a falsificação de documentos para ingresso em boates, o acesso à direção de automóveis sem licença.

Costumo dizer que as crianças nascem numa ilha de proteção chamada família. Neste grupo social, recebem toda a proteção necessária para sobrevivência nos primeiros anos de vida, quando ainda são muito dependentes e, em verdade até que saiam de casa quando adultos, pois são cuidados e continuam protegidos pelos pais quando cometem qualquer “bobagem” nas ruas.

A segunda ilha de proteção é a escola, um grupo social um pouco mais complexo, pois nele a criança entra em contato com as diferenças e aprende a lidar e sobreviver diante das diversidades que irá encontrar. De qualquer forma, ainda protegida. Todas as ocorrências são observadas, tratadas, cuidadas. As transgressões são discutidas, punidas quando necessário, e a pior sentença que um aluno pode receber é a exclusão do quadro discente: “convidado” a ser transferido para outra escola. No que diz respeito ao que ocorre dentro dos muros da escola, a segurança dos alunos – crianças ou jovens – é preservada.

A vida dentro da escola é um período de exercício de convivência social e desenvolvimento da autonomia mais ampliada. Espera-se que a criança / adolescente, ao sair, esteja preparada para viver fora dos muros escolares, longe da ilha protegida com condições de se defender e assumir a conseqüência de suas atitudes.

Lidar com a situação álcool, cigarro e outras drogas não é uma tarefa fácil para as escolas, que acabaram por assumir parte desta responsabilidade. Acontece que é possível desenvolver belíssimos programas preventivos: acesso à informação científica, melhoria da auto-estima, conversas com especialistas e outros. No entanto, sozinha, a escola não garante resultados. Afinal, não é no espaço da escola (espera-se) que o adolescente se alcooliza. É fora dos muros escolares e aí a responsabilidade é da família.

No entanto, a escola deve manter sua postura crítica e ética e não trazer para dentro do ambiente escolar, não importando as circunstâncias, qualquer manifestação que incentive o uso de tais substâncias. Seja em uma festa, uma apresentação de teatro ou atividades menores em sala de aula. Afinal, se a escola desenvolve qualquer programa de prevenção, não pode ser incoerente num dia de festa. Além do mais, existe uma lei federal que proíbe a venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos.

Certa vez um aluno foi levado até minha sala por seu professor de biologia. A queixa era que este aluno havia desrespeitado o professor com brincadeiras inadequadas e palavras ofensivas. O aluno, muito nervoso, queria se explicar, mas o professor não deixava e insistia que faria uma queixa para processá-lo por danos morais. Quando dei a palavra, o aluno justificou sua atitude, mas fez questão de dizer o quanto se incomodava com as brincadeiras de seu professor que, ao beber a água da garrafinha que levava para a aula, fingia ser alguém embriagado, só para fazer graça aos alunos. Isto aconteceu em São Paulo, há cinco anos. Até então não tínhamos conhecimento das brincadeiras do professor, que abriu um espaço para a brincadeira do aluno.

Ficou claro que, lamentavelmente, os valores pensados e elaborados pela equipe dos dirigentes da escola nem sempre são, de fato, incorporados pelos professores e outros funcionários. Infelizmente quando se escolhe esta profissão temos que abrir mão de sermos cidadãos comuns, pois somos “cidadãos públicos”, de quem se espera atitudes a se espelhar.

Fiz toda esta introdução para ressaltar minha indignação por conta da notícia vinculada nesta manhã (17/06) pela Folha de São Paulo – “Cervejaria patrocina festa junina de colégio de SP.”
Trata-se do Colégio Santa Cruz, uma renomada instituição de ensino, que já esteve em segundo lugar no ranking das cinqüenta melhores escolas de São Paulo em outubro de 2001, segundo pesquisa da Revista Veja, e em 2007 ocupou o quarto lugar entre as escolas “campeãs do Enem”.

Independente de sua classificação entre escolas, o que importa é que o Colégio Santa Cruz está há anos na vanguarda da educação em nosso país, propiciando a seus alunos (de classe sócio- econômica média-alta) não só a preparação para o ingresso nas universidades, mas sua inclusão num mundo social que é real. Exemplo disso são os programas de voluntariado desenvolvidos pela escola. Alunos que vão para a sala de aula de outros adolescentes carentes e trabalham como monitores dos professores em aulas de informática e filosofia (entre outras).
(
www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u396533.shtml)
(
www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd090608.htm)

Uma instituição que, além do compromisso com uma educação de qualidade aos alunos e serviços sociais prestados a comunidade, respeita seus professores, não só remunerando como merecem, mas investindo na formação constante de seus quadros.

Com todo respeito que tenho pelo Colégio Santa Cruz, alguém se perdeu na organização desta festa. Assim, espero que este “gol contra” marcado no último final de semana seja para todos um alerta sobre a necessidade de ações integradas na escola –pensamento e ação- afim de não perder de vista sua linha filosófica pedagógico-educacional para questões de ordem comerciais e financeiras.
Até a próxima!
Um abraço,
Maria Angela

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Como lidar com a motivação dos alunos?!


E então, após aquele final de semana de chuva no qual você resolveu colocar a criatividade para funcionar e preparou uma seqüência de aulas incríveis, você chega à sala de aula e o que encontra? Um grupo de alunos sonolentos com olhar de: “Bom dia por que, professor??”
Nada agrada ao grupo, e o professor termina a aula com a infeliz sensação de que falou por 50 minutos para espíritos amigos que invisivelmente estavam presentes, mas que -como seus alunos- não manifestaram nenhuma opinião sobre o que acabou de dizer. E aí a grande dúvida: os alunos aprenderam? O que aconteceu? Vale a pena continuar a mesma atividade na próxima aula? Ou ficar zangado e dar uma bronca geral (aqueles 20 minutos de discurso do tipo “onde pretendem chegar, nem pensar que entrarão na faculdade com essa atitude, vocês verão, vai cair na prova e não saberão resolver, blá, blá, blá....”). Um sermão igualzinho ao da semana passada e da anterior.

Esta tem sido a grande queixa dos professores, especialmente do Ensino Médio. A falta de motivação dos alunos levando à falta de motivação dos professores em buscar outros meios de auxiliar o aluno na busca dos conhecimentos necessários em sua formação acadêmica.
A psicologia do desenvolvimento nos mostra grandes e significativas transformações que ocorrem num processo rápido e ao mesmo tempo longo - uma vez que se torna cada vez mais difícil para os adultos compreenderem ou aceitarem as atitudes irreverentes, preguiçosas e sem perspectivas dos adolescentes.

É sabido que enquanto o corpo se modifica (crescimento físico - desenvolvimento da sexualidade) seu modo de pensar (capacidade de abstração), de sentir e agir se alteram significativamente num processo único. As cobranças sociais e as escolhas são pressões externas que interferem no comportamento do adolescente em relação aos pais, professores, às regras de conduta, cuidados com o corpo (alimentação, drogas, repouso...) e, sobretudo, aos estudos.

O médico e psicoterapeuta Dr. Goldenstein (pg.20-1995) descreve a adolescência como um período da vida que se assemelha muito à reforma de uma casa: as paredes são destruídas enquanto se troca o piso e coloca-se novas cortinas. Tudo ao mesmo tempo sem que o morador saia de casa. Afinal, o adolescente está deixando a infância para ser adulto e viver todos os “sonhos de liberdade” que a mídia o leva a acreditar que fazem parte do “ser adulto”.

Em todos estes anos trabalhando com Ensino Médio, tenho notado que, ainda que entendendo e respeitando todo esse movimento natural de maturação, faltam respostas para maiores esclarecimentos, bem como uma luz no final do túnel pedagógico para que os professores não se desesperem tanto e possamos continuar sentindo prazer em estar com estes jovens na sala de aula.

Assim, fui buscar em outra área do conhecimento, a neurociência, um pouco mais de informação que somadas resultarão em conclusões muito interessantes. Entretanto, tomei o cuidado de não tornar tão simplórias as explicações cientificas, mas sem grandes aprofundamentos numa área que não domino. E ainda cuidei para que, sempre que possível, criar um viés com a psicologia da educação, afinal este é o nosso objetivo aqui.

Suzana Herculano-Houzel é uma neurocientista que tem publicado diversas obras sobre o funcionamento do cérebro numa linguagem de fácil compreensão para não especialistas desta área. Quando o assunto é adolescência, Houzel afirma que não é uma questão apenas hormonal como costumamos justificar o comportamento dos adolescentes, mas uma reorganização cerebral. Os hormônios, em verdade, têm a função de executores de um programa de desenvolvimento que começa no cérebro. Toda alteração no comportamento do adolescente: social-afetiva, emocional e cognitivo, é vista pala neurociência como etapas necessárias à conquista da independência adulta, no entanto, “orquestrado pelo cérebro” (PA.62,2005).

A respeito do desenvolvimento cognitivo, durante a infância até a adolescência, o cérebro vai aumentando de tamanho e também de quantidade sináptica – relações entre informações modificando idéias anteriores ampliando idéias e construindo novos conceitos (tal como Piaget, Vigotsky e outros mestres nos explicam). É nesta fase que ocorre a eliminação de sinapses excedentes. “O excesso de sinapses são consideradas matéria prima para o desenvolvimento de habilidade cognitiva: ele oferece um mundo de possibilidades nas diferentes combinações estabelecidas entre neurônios” (pag.67- 2005). Existe uma eliminação natural dos excessos sinápticos conforme a experiência: sinapses usadas constantemente se mantém e as demais são eliminadas (esquecemos todas as informações que não utilizamos).

Ao nascer, o cérebro é como um bloco de pedra bruta composta de todas as estruturas possíveis que serão lapidadas ao longo deste período, de acordo com o meio social em que está inserido e as escolhas feitas pelo indivíduo. Melhor dizendo, como não sabe em que país vai desenvolver sua linguagem, por exemplo, o cérebro está capacitado para aprender qualquer língua. Também está pronto para desenvolver as habilidades necessárias para exercício da profissão escolhida comprovando, assim, a teoria interacionista proposta por Piaget.
Como está em fase de reorganização, o cérebro adolescente é facilmente influenciado pelo ambiente (positiva ou negativamente). O que nos explica o porquê das diferenças entre os grupos-classes de acordo com a liderança que se manifesta ma turma: inertes, falantes, participantes, irreverentes...

Enquanto partes do cérebro se reorganizam quanto à abstração do raciocínio, outras partes vão cuidando do crescimento físico: um corpo que cresce rapidamente em dois ou três anos e nada por igual, das extremidades para o centro (pés e mãos, pernas e antebraços, coxas e braços). Além, claro, dos pêlos pelo corpo, odores e alteração da voz. Uma imagem que causa estranheza para o adolescente, pois seu cérebro ainda não se adaptou completamente a esta nova imagem corporal e precisa desenvolver novos comandos motores para dar conta do tamanho e força adquiridos.

Observa-se nesta fase que curiosamente os adolescentes passam horas na frente do espelho. Acredita-se que seja um modo de “auxiliar” a interiorização desta nova imagem corporal.
Já observaram com que freqüência encontramos uma aluna se olhando no espelho durante a explicação de uma matéria nova, como se a aula não existisse?
Outra transformação crucial, pois atinge o professor diretamente, é em relação ao sistema de recompensa do cérebro: a motivação para realizar tarefas, o tédio, a preguiça e o interesse por atividades de risco.

Em se tratando de oferecer alguma atividade, jogo ou brincadeira a uma criança, esta se contenta com pouco e aceita repetições com muito prazer. Está cheia de energia e curiosidade para tudo o que for proposto. Ou seja, seu sistema de recompensa está a “todo vapor”. No entanto, para um adolescente não é bem assim. A motivação para determinada atividade inicia-se antes de realizá-la, ou seja, diante de uma proposta, o cérebro “mede” o grau de satisfação que aquela tarefa/comportamento (brincar, trabalhar, ler um livro, namorar ou ver TV) poderá proporcionar e opta ou não por realizá-la. Assim sendo a motivação é uma amostra antecipada do prazer que o cérebro acha que pode conseguir se resolve realizar a atividade que funcionava bem durante a infância e auxilia as escolhas adultas, mas não é suficiente para o adolescente. Este comportamento adolescente está inteiramente ligado à queda de reprodutores de dopamina no cérebro, substância responsável pela resposta de prazer no sistema de recompensa. Logo, há incapacidade de estímulos que antes “funcionavam” como ativação do sistema. Uma das manifestações conhecidas é o tédio -tudo se torna muito chato!

As pesquisas revelam que o cérebro adolescente é incapaz de obter a mesma satisfação de outrora, mas muito aberto ao prazer obtido em situações de risco.

Observem como os alunos se dedicam aos estudos de meio que envolvem aventuras: caminhadas na mata, mergulho, subida em montanhas, passeios de barco, entrar em manguezais...

“Para a neurociência atual, o sistema de recompensa entra em baixa na adolescência, ao começar a perder receptores para dopamina e se torna, assim, mais difícil de ser ativado”(Herculano, pg.101-2005).

A fim de que se conviva mais facilmente com estas transformações até que a reforma esteja completa, a pesquisadora sugere alguns caminhos como a prática de esportes e exercícios físicos freqüentes, pois além de aumentar o tônus dopaminérgico do sistema de recompensa, é um bom remédio para a preguiça. Outra sugestão é oferecer uma grande variedade de estímulos novos: novos livros, novos autores, filmes de diretores de tendências variadas, debates motivadores –lembre-se que outra parte do cérebro está amadurecendo e que o dota de uma capacidade de raciocínio abstrato até então não reconhecida.

Cesar Coll nos fala em despertar a curiosidade dos alunos criando situações que chamem sua atenção, atraiam sua curiosidade. “Mover os alunos a explorarem seu entorno, indagando ativamente. O que chama a atenção das pessoas é a novidade, o complexo, o inesperado, o ambíguo, o que produz incertezas, o que encerra um problema ou apresenta uma interrogação” (pg.117 -2003).

Quando entendemos e respeitamos este momento de amadurecimento e proporcionamos ao adolescente situações que favoreçam o desenvolvimento sadio de seu “cérebro” –físico, social, emocional e cognitivo- sem levantar grandes expectativas de produto final, mas com um mínimo de padrão de qualidade, sem esperar que a aula seguinte seja tediosa ou tão animada quando a última com o lema “um dia de cada vez”, garantimos assim o fazer pedagógico sem prejuízos e sem desânimo por parte do professor e ainda, sem desgaste nas relações com o aluno.

Afinal, o que acontece com a mesma turma que na aula da matéria “X” vai muito mal e em seguida, com o professor “Y”, é um sucesso?
Está aberta a discussão.
Comente suas impressões. Conte-nos suas experiências com a motivação de turmas adolescentes.
Um abraço,
M. Angela

Referência Bibliográfica:

COLL, C. e outros - Psicologia da Aprendizagem no Ensino MédioPorto Alegre – Artmed - 2003
GOLDENSTEIN , E. - Adolescência, a idade da razão e da contestação São Paulo - Ed.Gente- 1995
HERCULANO-HOUZEL , S. – O Cérebro em transformaçãoRio de Janeiro - Ed. Objetiva - 2005

-------------------------------- - O Cérebro nosso de cada dia - Rio de Janeiro – Ed. Vieira e Lent – 2002

Hábitos de leitura

Pesquisa divulgada na UOL nos mostra os novos habitos de leitura de nossos jovens. Confira a matéria completa e comente.
Vamos discutir o assunto.
Um abraço!

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/06/06/ult105u6572.jhtm

terça-feira, 29 de abril de 2008

E por falar em avaliação II

Dando continuidade ao assunto avaliação, segue mais um instrumento que pode auxiliar o professor a acompanhar o conhecimento dos alunos sobre um determinado tema, a fim de dar continuidade ao programa sem correr o risco de deixar lacunas ou conceitos mal compreendidos.
A habilidade de interpretação de textos tem sido um ponto fraco a ser fortalecido pelo professor. Foi o tempo em que esta era uma habilidade “ensinada – aprendida- exercitada” apenas na aula de português. De acordo com os Parâmetros curriculares, espera-se que ao final da escolarização básica, os estudantes sejam capazes de se dominar a linguagem em cada uma das áreas do conhecimento para se fazer uso dos conhecimentos.
Vemos que parte do bom desempenho nas provas de exames nacionais ( ex. ENEM) ou vestibulares se dá em função de como o candidato compreende o texto das situações problemas apresentadas.
Assim, torna-se importante que em todas as matérias aconteçam exercícios de interpretação de texto visando garantir aprendizagem dos conceitos bem como ampliar o poder de comunicação dos envolvidos.
Dada uma situação problema, o objetivo não é a resolução do mesmo, mas garantir a leitura compreensiva da situação.
Segue um exemplo de como promover esse exercício:


Situação Problema:O custo de produção de uma peça é composta por: 30% para mão de obra, 50% para matéria prima e 20% para energia elétrica. Admitindo que haja um reajuste de 20% no preço de mão de obra , 35% no preço de matéria prima e 5% no preço da energia elétrica,qual o reajuste que sofrerá o custo de produção?“


Questões de interpretação:
1. Qual a questão do problema, isto é, o que o problema pede?
2. Quais são os custos de produção de uma peça?
3. Que operações matemáticas devem ser feitas para regar ao resultado? Por quê?
4. Explique com suas palavras como o problema deve ser resolvido.
5. Há expressões no texto que você não compreende? Quais?



A adequação para cada área do conhecimento e nível de desenvolvimento dos alunos fica a cargo de cada especialista da área: você professor!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Nosso primeiro contato na "Sala dos Professores"

Olá, amigos! Nestes quase trinta anos de profissão vivi situações das mais diversas na Sala dos Professores das instituições educacionais por onde passei. Algumas inusitadas, como quando fui convidada a assumir aulas na universidade logo após terminar a graduação . Naquela época, há exatos 25 anos, era comum os alunos serem convidados por seus professores, mesmo sem grau de especialista ou mestre. Com uma aparência que não fazia jus a minha idade, numa bela noite, ao passar pela Sala dos Professores para pegar diários de classe, giz e outros recursos para minha aula, fui indagada por um rapazinho que trabalhava no setor de apoio ao professor dizendo em tom irônico: " E quem é você prá pedir diários de classe? Por acaso é professora?"Sim, eu era. Profa. Maria Angela - Didática - 3o. ano de Física e Matemática. Mantendo postura calma, firme e serena, desconsiderei o comentário e repeti meu pedido. Mil desculpas eu ouvi e a partir daquele dia ganhei um grande colaborador . Numa outra instituição em que atuava como Orientadora Educacional, eu só podia frequentar a Sala dos Professores quando não tivesse nenhum presente! Na hora do intervalo, eu deveria ficar com os alunos tomando conta do recreio. Meu questionamento era: Como os professores podem me conhecer se nunca temos a oportunidade de interagirmos? Como em cada escola uma filosofia distinta, em outra instituição, toda a equipe técnica incluindo a direção seguia para a tal sala para tomar café com professores. Ali passavamos vinte ou trinta minutos num bate papo muito agradável. Raramente resolvíamos assuntos de trabalho, mas trocavamos dicas culturais, de culinária, literatura... A experiência mais desagradável foi quando, em outro espaço de trabalho, outra escola, ouvi a queixa dos professores para a direção a respeito da minha permanência na sala na hora do cafezinho, pois entendiam que eu estaria vigiando, falando de trabalho, cobrando relatórios, etc. Fui barrada! O espaço sagrado da Sala dos Professores dizia respeito ao professor, só a ele!Respeitei, felizmente não era a opinião da maioria, assim, vez ou outra eu aparecia para um bate papo apenas às sextas-feiras quando estavam presentes os que não se incomodavam. De todas, a experiência mais marcante, foi em Vitória ES. Minha sala ficava ao lado da Sala dos Professores com uma porta para o corredor, por onde recebia os alunos e outra para dentro da Sala dos Professores. Antes da minha chegada havia um armário obstruindo o uso desta passagem. Quando aberta ouvi o seguinte comentário: “Que bom ter esta passagem para sua sala!" E era a porta aberta para o professor ser ouvido na OE e a porta de boas vindas da OE para estar com os professores. A Sala dos Professores é um lugar de descanso, pesquisa, cafezinho, frutas, bolachinhas, troca de experiências, queixas, reclamações... E até de orientações. Só não é um lugar de silêncio! Vivendo na escola todos estes anos, observei, do lugar de Or. Educacional e /ou Coord. Pedagógica, que há algumas falas dos professores que são abafadas muitas vezes pela política da escola, impedindo de se fazer ouvidos às necessidades, dificuldades ou sugestões do corpo docente. Pensando nisso, resolvi criar esta "sala virtual "que nos permite discutir, trocar, queixar, intervir sem censuras. Esta foi a maneira que descobri de continuar orientando ex alunos e ex professores que fizeram parte da minha equipe de trabalho em algum momento da vida. Sintam-se acolhidos! Esta sala é sua .
Vamos tomar um café juntos e conversar?
Com carinho,
Maria Angela

sexta-feira, 18 de abril de 2008

E por falar em avaliação...


O ano já começou e as avaliações do primeiro período letivo também.
A avaliação sempre foi um nó mal desatado na vida do professor, do aluno e da escola como um todo. Reorganizam-se outros modos de compor a nota, variações de atividades recuperativas, mas nem sempre se resolve as questões referentes ao aprender do aluno. Basta fazer um “exame de consciência” : como você, professor se comporta perante sua turma/ classe em dia de prova? Sua atitude é muito diferente das aulas normais? Por que será? O que mais valorizamos nos momentos de avaliação? E os momentos de aprendizagem? Seria possível um “avaliar continuamente”?
A idéia de avaliação contínua - causa arrepios para alguns professores - não se trata de aplicar provas semanalmente, mas de um acompanhamento mais sistemático das dificuldades e dos avanços dos alunos e a partir daí reorganizar as rotas de trabalho.
No final do ano passado, a poucos dias de encerrar o ano letivo, encontrei uma professora debruçada na varanda da sala dos professores com olhar distante, para o nada.
Cumprimentei – a como sempre e ao me aproximar percebi que algo não estava bem. Era um misto de angústia e ansiedade pelos trabalhos que iria receber dos alunos naquele dia. Havia uma expectativa do que receberia como produto final desenvolvido pelos alunos após dois meses de pesquisas, releituras, orientações, “refazimento” . O que angustiava a professora era algo que não lhe pertencia, mas do qual se responsabilizava. O medo pelo fracasso, frustração de chegar ao final do ano e descobrir que havia muito a ser feito por e para alguns alunos e a desconfiança de que não o fizera suficiente.
Um sentimento pertinente a todos os educadores compromissados com a aprendizagem do aluno e muito comum no final do ano.
É bem verdade que não se pode deixar de lado a filosofia da escola, sua proposta pedagógica, bem como não seguir o programa de avaliação estabelecido pela instituição – número de provas, pesos, notas e etc. Mas, sabemos que mais do que nota, os professores acabam tendo que apresentar relatórios da ‘performance’ dos alunos para a Orientação, Coordenação, Direção da escola ou mesmo para os pais. Desse modo, a fim de facilitar o seu trabalho,o professor precisa desenvolver uma capacidade de observação que nem sempre se é preparado na universidade.
Professores de crianças menores – do 1º. ao 5º. Ano – passam mais tempo com os alunos e criam uma relação mais próxima, facilitando o conhecimento do professor em relação às capacidades dos alunos. No entanto, seja professor de Ensino Fundamental I ou II , se não tiver claro o que quer, como e em que momento observar e mais, como transformar os registros em informações preciosas para o acompanhamento dos alunos – novos exercícios, atividades, revisão de conceitos, oportunidades de crescimento... – independente do tempo que permanece com o aluno, nenhum valor será agregado no final do período avaliativo (bimestre, trimestre, ano) que garanta a efetiva aprendizagem do aluno. Afinal este é o compromisso do professor: fazer com que o aluno aprenda, administrar sua aprendizagem.
O papel de administrador da aprendizagem do aluno nos remete a antiga idéia de professor orientador ou mediador da aprendizagem, assegurando reais oportunidades de aprendizagem. Vale lembrar que as pessoas aprendem não mais porque assistem aulas, mas porque vivem num mundo repleto de informações. Administrar a aprendizagem é orientar o aluno para que ele transforme informações em conhecimentos e não tenham notas porque trouxe o caderno ou não. Mas, porque aprendeu!
Vamos fazer outro teste : quais os nomes dos alunos que você tem de memória? Saberia dizer quais os erros ortográficos que eles mais comentem? Qual a qualidade da interpretação das leituras que fazem? Qual operação matemática que precisam exercitar mais? Calma, não enlouqueci! Sei muito bem que para o professor que dá três aulas semanais numa classe e tem um total de cinco turmas por período fica muito difícil saber detalhes.
Será? Volte ao exercício. Pense numa única turma. Vá registrando os nomes dos alunos e as habilidades que eles têm em destaque ou que precisam praticar mais.
Talvez o que falte seja, mais olhares e escutas. Mais registros.
Foi pensando nisso tudo que resolvi selecionar vários instrumentos/ estratégias que poderão ajudá-lo na tarefa de acompanhar o desempenho dos alunos. Basta que você, professor faça as adaptações possíveis para atender o nível de desenvolvimento de seus alunos e a área do conhecimento com a qual você trabalha. Estes instrumentos serão postados semanalmente.

Gráfico
Objetivo: acompanhar o desempenho, buscar estratégias de melhorias ou aperfeiçoamento das habilidades avaliadas.
Conteúdo: qualquer conteúdo – conceitual, atitudinal ou procedimental pode ser acompanhado pelo gráfico.
Desenvolvimento: o gráfico pode ser preenchido pelo aluno ( auto avaliação) ou pelo professor. Pode ser usado para identificar a sala como um todo, grupos de alunos ou cada aluno individualmente. O ideal é usar o mesmo gráfico três ou no máximo quatro vezes, usando cores diferentes e uma legenda referente às datas que foi aplicado.
Avaliação: quando as linhas do gráfico estão mais para as bordas do aro significam que o desempenho está em alta e os mais próximos do centro, com necessidade de atenção. O gráfico nos permite checar o crescimento dos itens avaliados concretamente. Os índices saltam aos olhos principalmente se as linhas não estão uniformes, isto é na mesma graduação. A partir da análise dos resultados o professor organiza atividades de revisão ou reforço a fim de garantir avanços.
Construção: a matriz é um circulo com vários raios - em número suficiente para atender os itens que serão avaliados ou acompanhados. Ou ainda, como os mostrados nos exemplos abaixo a partir dos eixos centrais construindo outras formas geométricas de acordo com os itens que se deseja acompanhar. Em cada uma das retas aparecerá os valores graduados de 1 a 10, 0 a 5 ou de 10% a 100% , enfim, de modo a possibilitar a construção do gráfico.
Os exemplos abaixo mostram o desenvolvimento de um aluno na produção escrita e matemática:



A sugestão é fazer um teste com um grupo de alunos e acompanhar um tema especifico. Depois, avaliar com o grupo a viabilidade deste instrumento.
Comente sua experiência.


Até a próxima!


Leia mais:
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré- escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 1998.


PERRENOUD, Philippe :Novas Competencias para ensinar. Porto Alegre: Ed. Artmed,2000.


ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.