quarta-feira, 24 de junho de 2009

Leitura para as férias

Educadores devem estar sempre atualizados. Assim, sugiro inicialmente dois bons livros para estas férias:
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- "Escola Reflexiva e nova racionalidade" - Isabel Alarcão, org. - Artmed Editora- Porto Alegre , 2001.
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Os autores nos levam a "refletir" sobre o papel da escola e de todos os que nela trabalham. Sugerem uma discussão sobre as relações interpessoais na escola , a interferência desta no alcance dos objetivos da instituição e a variação no nível de consciência dos profissionais -quem somos e as relações que estabelecemos com o outro.
Uma leitura indicada a todos os que fazem parte da instituição escolar.

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- " Como as crianças veem a cidade" - Arno Vogel, Vera Lucia de O. Vogel, Gerônimo E. de A. Leitão - Ed Pallas - 2006


Com o objetivo de desenvolver cidadania e refletir sobre os problemas urbanos causados pelas rapidas transformações na cidade do Rio de Janeiro, os pesquisadores desenvolveram um trabalho belíssimo sob a ótica das crianças. A pesquisa "ouviu" ,via cartas e desenhos, os alunos de escolas públicas e particulares de ensino fundamental, rastreando toda a cidade carioca.
Os resultados nos propõe uma análise bastante interessante sobre as visões das crianças a respeito de temas como : poluição, trânsito, moradia, o centro e as belezas da cidade. Nota-se ao longo da leitura e com análise criteriosa dos autores, que as ideias das crianças em alguns momentos são construídas por sua própria observação e vivência e em outros reprodução das falas dos adultos ou pela mídia local.
A leitura deste texto nos dá margem a pensar projetos de estudos bastante significativos que levem os alunos a descobrirem e pensarem criticamente as cidades onde vivem.


Boa leitura, boas férias!

Um abraço,

Maria Angela

O que se ganha com um “Novo ENEM”?

Em 1996 qual foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB 9394/96), determinou-se um Ensino Médio ( antigo segundo grau) preocupado em garantir que os últimos anos da escolarização básica sejam consolidadas competências que permitam ao estudante cumprir sua função social como cidadão consciente e critico, ingressar no mercado de trabalho bem como seguir estudos técnicos e/ou universitários. Para tanto estruturou –se um currículo baseado em desenvolver uma gama de habilidades que em conjunto configuram as competências necessárias para resolver as situações problemas que encontradas na vida em sociedade. Por exemplo: “dominar a norma culta da Língua Portuguesa, compreender fenômenos naturais, enfrentar situações-problema, construir argumentações consistentes e elaborar propostas que atentem para as questões sociais.” (www.enem.inep.gov.br). Em outras palavras desenvolver leitura e compreensão bem como raciocínio lógico.
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Para que se pudesse acompanhar criteriosamente se o programa estabelecido para o Ensino Médio e fazer os ajustes necessários, foi criado em 1998 o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Uma prova coerente com os objetivos do Ensino Médio implantado, pois avalia a capacidade dos alunos em resolver situações . Não é uma prova conteúdista que basta ter decorado formulas, mas refletir sobre as questões e a partir do conhecimento que se tem do assunto encontrar uma solução possível.
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Quando criado, o ENEM foi pensado para, em poucos anos, servir como parte da avaliação dos candidatos as universidades do país. E a partir deste ano fazendo a substituição, em especial nas universidades públicas, dos tradicionais exames de vestibulares.
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O que se ganha com o “Novo ENEM”? Em minha opinião, em primeiro lugar ganham os estudantes pois , se a prova continuar mantendo a estrutura de “solução de situações problemas” ela passa a ser a forma mais democrática de seleção para a universidade, bem como para os programas de bolsa de estudos, pois não se trata de avaliar quem tem o conteúdo estudado na “ponta da língua”, mas quem é capaz de fazer uso consciente do que aprendeu.
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Em segundo lugar, ganham as escolas e consequentemente os alunos e toda a sociedade que desvinculados da imposição dos conteúdos determinados pelo vestibular tradicional – conhecimentos que na prática só servem para fazer a prova de ingresso para a universidade – estão “livres” para trabalhar assuntos cujo conhecimento será significativo para o aluno, uma vez que será imediatamente útil na sociedade que está inserido. Vale lembrar que mesmo com uma nova estrutura de Ensino Médio desde 1996, na prática, até hoje muitas escolas ainda se baseiam na “preparação para o vestibular” e nem sempre em preparar o aluno para ser, entre outros, universitário.
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Certamente que a indústria dos cursinhos pré vestibulares estarão em crise. Afinal sendo uma prova interdisciplinar – integra várias áreas do conhecimento numa mesma questão para a solução de situações problemas - não há pegadinhas ou macetes a serem treinados nem conceitos decorados que ajudarão na hora da prova.
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Este ano a prova do ENEM acontece nos dias 3 e 4 de outubro com 45 questões objetivas (múltipla escolha) em cada áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias e uma redação.
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Vale lembrar que o ENEM será usado :
1. Como prova única para as Universidades Federais – os candidatos apontam, no ato da inscrição, até cinco cursos e universidades que desejam estudar e a escolha é feita partir dos resultados ele obtiver;
2. Como primeira fase ou pontuação complementar para universidades privadas de acordo com o estabelecido pela própria instituição;
3. Como critério para a seleção de bolsas de estudo no Programa Universidade para Todos (ProUni);
4. Como avaliação da qualidade do ensino promovido nas escolas de todo país.
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Há que se ter consciência de que as escolas voltem a se reorganizar para um currículo de habilidades e competência e serão os alunos que terminarão o Ensino Médio daqui três anos que nos darão indicadores mais precisos desta mudança no sistema educacional.
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Sem dúvida foi uma decisão audaciosa das autoridades e esperamos que o próximo governo mantenha com qualidade o programa que agora se inicia. E mais, que as escolas e seus profissionais recebam o incentivo por melhores condições de trabalho e os números apresentados nas estatísticas sejam compatíveis com a realidade.
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Um abraço,
Maria Angela